segunda-feira, 23 de dezembro de 2019


O que é o amor?


Talvez o amor se mostre nos detalhes,
Nos sorrisos, nos abraços.
No cuidar, na preocupação.
Talvez o amor habite no nosso vibrar
Com a felicidade do outro,
Ou ele esteja numa simples ligação.

Talvez o amor more na saudade,
No companheirismo, no partilhar.
Na trilha sonora de uma vida.
Talvez o amor tenha forma de gente,
De lar, de lugar, de abrigo.
Tenha aroma de sorte, de desejo.

Talvez o amor seja simples e forte,
Seja encontro, disponibilidade.
Seja afeto, gratidão.
Talvez o amor nasça na incompletude,
Brote no emaranhado do tempo,
Cresça na leveza ou na intensidade.

Talvez o amor seja ouvir o silêncio,
Acalentar a dor, doer de tanto rir.
Seja coragem e medo.
Talvez o amor ensine a amar,
(Re)significar, (Re)existir.
Se descubra na própria existência.

Talvez, o amor,
Seja a potência mais sutil do universo.

                       [Maria Vanessa Morais]

sexta-feira, 22 de novembro de 2019


Mar (ta)


Você é Mar, nos seus olhos vejo imensidão de paz.
Você é o som delicado de uma tarde de verão,
Você é sorriso desenhado em nuvens,
Você é o toque quentinho de águas cristalinas,
Você é a brisa suave que toca em meu rosto,
Você é o sal que tempera os meus dias,
Você é o sol que aquece o meu coração,
Você tem gosto de sorvete no calor
Você tem cheiro de calmaria, Mar...

[Maria Vanessa Morais]

sexta-feira, 5 de julho de 2019


A menina e o espelho


Um dia conheci uma menina chamada Luz. Ela não gostava de espelhos. Luz não conseguia enxergar a sua imagem neles. Fato curioso que a deixava muito aflita e lhe causava muito sofrimento. Ela se sentia preocupada, porque todos ao seu redor conseguiam enxergar o reflexo dela, menos ela. A pequena sentia-se estranha e diferente das outras pessoas.
Será que ela era um fantasma? Ou era algum problema neurológico que teria afetado sua visão? Seus pais já estavam preocupados. Em casa a menina fugia dos espelhos ou das coisas que a pudessem refletir. Ela chorava, chorava muito. Se tornou uma garotinha muito triste. Ao lado de outra pessoa no mesmo espelho ela só enxergava a imagem do outro, nunca a dela.
As pessoas passavam por ela e diziam: “Que menina bonita”, “Seus olhos cor de mel são lindos”, “Nossa, adorei seus cachinhos”, “Olha que sorriso encantador”. Ela triste, continuava a chorar. Ela não acreditava no que as pessoas diziam, ela não conseguia se enxergar com seus próprios olhos. E de frente ao espelho ela se perguntava: “O que há de errado comigo?”
Luz estava piorando, agora não conseguia enxergar até mesmo seu reflexo interior. Ela não só era bonita por fora, Luz tinha uma beleza interior incomparável. Ela era generosa, solícita, sensível e muito forte. Todos a lembravam disso. Imersa em uma escuridão que lhe atormentava, não via sua imagem, não via seu reflexo e não conseguia mais olhar para dentro de si.
Aflitos com o sofrimento da filha, os pais resolveram procurar ajuda. Conheceram a Dra. Brilhante, uma profissional muito competente que tentaria “espelhar” a garotinha Luz, fazendo com que ela pudesse enxergar o seu reflexo, sua imagem no espelho. A Dra. Brilhante viu que levaria um tempo, a pequena sofria de “falta de autoestima”, um acontecimento que faz a pessoa deixar de se enxergar.
A Dra. Brilhante descobriu que Luz nunca teve um espelho próprio, sempre tentou olhar sua imagem nos espelhos dos outros. Sugeriu construir seu próprio espelho, com um material especial chamado “autocuidado”. Recomendou que ela parasse de se comparar com os outros no espelho, receitou momentos diários para relembrar suas conquistas e um exercício para repensar suas crenças, agradecendo os elogios dos outros, mesmo que ela ainda não conseguisse enxergar sua imagem. Deixou agendada as consultas semanais de autoconhecimento.
Com o passar do tempo Luz foi enxergando seu reflexo, uma imagem ainda embaçada e distorcida diante do espelho. Ela precisava de mais tempo para treinar o foco nos seus potenciais, para não se cobrar tanto, para enxergar quem realmente ela era. Luz demorou para cinti(lar) no seu próprio espelho. Há dias que são mais turvos, outros mais claros. Ela segue tentando se enxergar melhor e a Dra. Brilhante segue lhe ajudando.

[Maria Vanessa Morais]           

domingo, 19 de maio de 2019


EXISTÊNCIA


Hoje vi uma imagem na internet com uma frase do Guimarães Rosa que dizia: 
“viver é um rasgar-se e remendar-se.” Ao ler eu pensei: sempre!
Nossos remendos diz do nosso percurso, da nossa entrega, da nossa coragem.
Como diz uma amiga: “são tempos difíceis, nos quais o amor e a vida são para os corajosos.”
Sim, é preciso coragem para amar, para viver, para rasgar os medos, unir desejos.
Se permitir ser quem se é, dizer o que sente, se afetar.
Gritar de dor; morrer de rir; sofrer por amor; deixar ir;
Se reencontrar; se apavorar; cansar de chorar; se apaixonar;
Voltar a sorrir; se amedrontar; se encantar; se arriscar;
Pulsar; rasgar; remendar...
Rasgar-se é abertura, exposição, sentimento, paixão, encontro, possibilidades.
Remendar-se é aprendizado, amargura, sentido, compreensão, cuidado, recomeços.
A vida é uma tecitura entre retalhos e costuras...
... um entrelaçamento entre o rasgo e o remendo.
Infinitamente rasgar e remendar, rasgar e remendar.

[Maria Vanessa Morais]

quarta-feira, 15 de maio de 2019


SINESTESIA

Teu sorriso devastou meus olhos,
Quanta luz vem de você.
Quanta paz exala do teu cheiro,
Inebriou os dias como incenso.

Tua voz é melodia acústica,
Das mais belas entre Gal e Bethânia.
Teu beijo é um manjar dos deuses,
Ai de nós, meros mortais.

Tua pele é tão macia.
É como um abraço envolvente
Numa Vucana Peruana.

Tua presença despertou meus sentidos,
Bagunçou meus pensamentos,
Me fez sorrir...

[Maria Vanessa Morais]

domingo, 30 de dezembro de 2018


30 de dezembro


Hoje é meu aniversário, faço 30 anos de existência. (não tenho problema algum com minha idade. Geralmente as pessoas pensam ao contrário)
Depois de sete meses sem lançar algumas palavras no papel, hoje resolvi escrever como forma de materializar meus pensamentos, minhas reflexões, mais uma vez.
E porque não escrever hoje? Já que as palavras são meu maior presente, são presença.
Em 30 anos de existência meu maior medo continua sendo viver uma vida que não se vale a pena viver.
Amo minha família, tenho poucos e bons amigos e na caminhada que me propus a fazer tive o privilégio de encontrar muita gente boa, gente do bem. E meu coração se enche de gratidão por isso. Essa é a palavra: gratidão!
Acho que com 30 anos a gente começa a se perdoar com mais facilidade. Hoje é um dia em que peço perdão a mim mesma. Por não olhar um pouco mais pra mim; por não me permitir experienciar meus sentimentos; por sempre dizer sim pra quase tudo/todos, quando na verdade queria dizer não; por ter medo do que aquele outro iria pensar...
Ahh, bobinha... Quantas borboletas precisaram morrer pra você chegar até aqui, quantas voltas ao casulo.
Ninguém é perfeito, sei que não vou conseguir ser eu mesma em todos os momentos, mas venho lutando comigo mesmo pra isso, na tentativa de não viver esse breve espaço de tempo nessa existência material de forma infeliz e medíocre. Rindo por fora e morrendo por dentro.

Hoje recebi algumas mensagens, ri, chorei, dancei forró, assisti um filme legal, li algumas páginas do livro do Fred Elboni, dormi, cantei parabéns mentalmente e cá estou escrevendo...
Dentre algumas mensagens, uma frase em comum me chamou atenção: ”Aproveite seu dia”. Aproveitar o dia é sempre muito subjetivo, mas imagino que as pessoas desejam isso no intuito de que você passe o dia fazendo coisas que te deixem feliz... Bom, não sei se tudo que fiz no “meu dia” é aproveitável.
Aí eu penso: Do que vale a pena “aproveitar” esse dia de dezembro se não estiver aproveitando todos os outros dias?

Muita luz!

[Maria Vanessa Morais]       

domingo, 22 de abril de 2018







E o tempo?


Ele me assombra diariamente
Não pelo corpo
Não pela história
Não pelo o que ainda virá

Inquietantemente ele bate à porta
E já faz tempo
Pedindo parada
E a catraca a girar...

Areia escorrendo
Ponteiro girando
Badaladas gritando
A vida levando

A quem o pertence?
Quem segura o cronômetro?
Eu posso pausar?
Eu sou o tempo...  


[Maria Vanessa Morais]