segunda-feira, 14 de dezembro de 2015


TEXTO E IMAGEM EXPOSTOS NO SARAU DA SAÚDE - FACISA/UFRN DIA 09/12/2015


                                                         Imagem: Marcos Barbosa


VIRE-ME AO AVESSO


Olho no espelho e não me reconheço.
Parece que minha alma não se encaixa no meu corpo.
Meus olhos, fitando meus olhos claros e distantes.
Minha boca cheia de silêncios inquietantes.

Meu queixo pontiagudo traduz o meu perfil.
Minhas unhas curtas, roídas pela ansiedade.
Minha coluna expressando uma idade que não me pertence.
Meus cachos amarrados com medo da liberdade.

Em mim uma criança mutilada.
Marcada por sombras do passado.
Curvada em cada olhar alheio.

Meus poros exalam dor e beleza.
E se a ti o meu exterior não importa.
Experimente virar-me ao avesso.

Vanessa Morais

segunda-feira, 2 de novembro de 2015











AOS [PRESENTES] AMIGOS

Aos que me escutam.
Aos que me abraçam.
Aos que gargalham comigo.
Aos que enxugam minhas lagrimas.

Aos que os olhares falam.
Aos que não me permitem a solidão.
Aos que salvam meus dias.
Aos que aceitam minha loucura.

Aos que dividem o brigadeiro.
Aos que sonham juntos.
Aos que prezam pela confiança.
Aos que dividem a vida...

Todo o meu carinho e afeto a vossos corações...

Por Vanessa Morais

sábado, 3 de outubro de 2015

Sou dor e beleza.

 
Pelo menos por um instante eu sou dona.
Em algum momento eu domino.
Eu dito as regras.
Quando escolho.

Sou livre quando consigo dizer o que quero.
Em um lugar e um tempo, eu sou.
Sou a minha escolha.
Sou um processo.

Sou a angústia do caminho bifurcado.
Sou sempre inautenticidade.
Sou autor do destino.
Sou ser-no-mundo.

Sou o nada que dá sentido à minha existência.
Sou ser de possibilidades inacabadas.
Sou minha finitude.
Sou aqui, agora.


Por Vanessa Morais

terça-feira, 11 de agosto de 2015



Ela é toda minha    



É! Desisti! vou respeitar essa minha loucura.
Não vou usar de 'má fé' colocando a culpa no meu inconsciente.
Vou encarar minhas escolhas.
Vou assumir a culpa que eu tenho.
Porque essa é a verdade.
A culpa é minha.
A culpa é minha pela dor que vida trouxe.
A culpa é minha por optar por mim e não por você.
A culpa é minha por sentir tudo isso.
A culpa é minha de ir pro inferno, pois eu escolhi...
A culpa é minha de viver...
É minha a culpa de sentir vontade do prazer de cada dia.
É minha a culpa, por favor, não a tire de mim.
É minha a culpa! Sim!
Ela é toda minha.


Por Vanessa Morais





domingo, 2 de agosto de 2015




AS SOMBRAS VOLTARAM

Conversar com as letras e me perceber.
Colocar nas palavras minha afasia.
Para poder encarar cada anoitecer.
Livrando-me um pouco dessa agonia.

Estou presa e dói.
Sinto e minto.
Os sonhos viraram cenário.
De um trágico espetáculo.

Um mundo irreal me satisfaz.
Lá fora tudo me machuca.
Aqui dentro em mim.
Certamente é mais seguro.

O que há em deixar que me vejam?
Pergunto relutante a ele...
Ele me disse que não saberia conviver...
Com as sombras desse EU...


Por Vanessa Morais

quarta-feira, 1 de julho de 2015





QUERIA O QUERER DELA







Um poeta desconhecido me falou:

Vivo querendo dizer o que sinto, mas as palavras estão imaturas ainda...
Queria que ela soubesse como olho para o interior dela.
Queria dizer como um simples abraço e um olhar despretensioso já me traz paz,
Mas ela me parece tão impossível...

Queria ao abraçá-la poder dizer como seria bom desfrutar do seu amor e de seu carinho.
Queria tirá-la daquela torre gelada, que é morada do seu coração.
Queria mostra-lhe o que sinto em versos concretos e gestos firmes,
Mas ela me parece tão intocável...

Queria que ela pudesse ler meus pensamentos e enxergasse os planos que fiz com ela.
Queria que ela visse meus sonhos e sonhasse comigo uma vida ao meu lado...
Queria apenas ter a chance de habitar seus momentos ociosos e sorrir sem culpa,
Mas ela nem sabe o que sinto...

Queria que ela mensurasse o quanto é bom existir sabendo que ela existe.
Queria que ela visualizasse minhas articulações mentais para está ao lado dela...
Queria que ela quisesse todo esse meu querer,
Mas ela não sabe...

... Nem saberia imaginar a felicidade que sinto quando ela percorre meus pensamentos.

Por Vanessa Morais

domingo, 12 de abril de 2015



Identidade (des)conhecida.




Caminho pelo terreno pedregoso do meu coração.
Nada de fértil tem se mostrado.
As lágrimas que caem não encontram o que regar.
Será possível nascer uma flor entre tantas pedras?

O lugar que antes amanhecia sorrindo não se tem mais risos.
Piso com cuidado em cada rocha.
Com as mãos tento removê-las, tentando formar um caminho.
Onde sem medo seguiria nesse espaço meu.

Sou assim?
Ou me tornei essa planície controversa?
O que reconheço agora é um agregado sólido plutônico,
Formado por cada olhar, por cada intenção consciente.

É difícil explicar onde estou.
Perdi-me em busca de um grande talvez.
E nessa unidade de contrários que há aqui dentro,
Corro o risco de não saber quem sou...

Sinto-me desagregando valores, tenho maus pressentimentos...
Será que vou enlouquecer?
Sinto horror de ser “outro”.
Talvez seja o “curado” do meu “louco”.

Por Vanessa Morais